segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Música: Valerian Swing





Por agora, das poucas conclusões que se chega em relação ao que será da música, a resposta mais comum encontra-se sempre no cruzamento. Cruzamentos de sons, de técnicas, de géneros, de ambientes gostos e perdições. Fusões de fusões.
E entre um dos géneros que mais está em voga e em constante mutação e evolução - o math, mathrock - temos assistido a alguns dos melhores tecnicistas e criações musicais, entre dissonâncias e contratempos que alguma vez a esfera musical teve a oportunidade de assistir, seja pela rapidez, pela ambiência, de Don Caballero a Giraffes? Giraffes! passando por You Slut ou Battles, encontramos dentro do mesmo pacote sonoridades tão divergentes quanto possíveis de imaginar. E hoje venho falar de uma mistura que é pouco recorrente nesse mundo (para alguns, um mundo elitista) do math, mas que traz consigo alguma novidade. Valerian Swing:

"Is it difficult for explain our way of decontextualizing music"

Directamente da vila de Correggio, o trio italiano que depois da sua formação original passou a ser constituído por cinco elementos (estes cinco encontrados já no album "Draining Planning for Ears Reflectors"), recriou o que as repetições do math-rock e a atmosfera do post-rock tem para oferecer, como estes dois caminhos não pareciam suficientes, as vozes vieram ora suavizar ora fazer com que o quinteto italiano explodisse numa agressividade que encontra a voz e por vezes as guitarras do belíssimo screamo até (com grande surpresa) a oferecerem paisagens muito ao género de Dillinger Escape Plan .
Que dizer destes cinco rapazes? O inicio de "Draining Planning for Ears Reflectors" remete-nos para um math que faz lembrar Volta do Mar, ou uma vez que as vozes de Valerian Swing têm um maior ênfase que na banda americana (mas não demasiado 'suaves' como Maps and Atlases), é através deste característico math-rock que saltam para um melancólico post-rock que é certamente onde se começa a marcar a sua identidade. Isto porque, as vozes, poderão agradar aqueles que entre os saltos mais agressivos da banda, também esperam encontrar algo mais 'sensivel' (com franqueza, as vozes serão com certeza a parte mais generalista e mais aberta da banda a um publico não-especifico, julgo não haver qualquer problema nisso dado todas as restantes componentes da banda), todos esses, gostarão deste abrandamento, um algo mais calmo. Aqueles que esperam apenas a violência rítmica e os contra tempos gritados, irão torcer o nariz, a verdade, é que há dois pormenores que valem a pena salientar, um primeiro é que a banda está longe de se caracterizar uma banda agressiva unicamente: têm os seus momentos, muitas das vezes entre progressões e alternâncias de momentos e estados de espírito. E em segundo lugar, existe todo um trabalho instrumental por de trás das vozes que merecem uma excelente atenção, em particular o baterista que se aproxima por vezes de nomes como Zach Hill ou Jon Karel, isto sem menosprezar os restantes elementos que entre as harmonias dissonantes e os tappings com que se apresentam logo no inicio do album, acabam por saltar para momentos ao nível do bom screamo ou de um bom mathcore (que também tem muito que se lhe diga). Julgo não ser necessário dizer mais nada, que a musica de Valerian Swing, fale por si.

Genero: Progressivo / Math-Rock / Post-Rock

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