sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Cinema: Arnaud Desplechin





Por momentos, tentemos esquecer os biopicos, as novelas de puxar à lágrima e os emocionantes épicos dramáticos onde o impossível é o mais certo! Vamos nos voltar para o cinema europeu, afinal de contas, e muitos se esquecem de tal coisa, mas seja a nível de correntes, conceptual ou até histórico o cinema europeu em muitas das abordagens tem muito mais a dizer que o americano, seja pelo expressionismo alemão, pelo neo-realismo italiano ou pelo cinema novo português. O ponto de interesse aqui, como é obvio, não é de forma alguma comparar produtos cinematográficos, o ponto é, simplesmente o facto de que o cinema europeu está, a cada dia que passa a ser cada vez mais esquecido, basta tomar qualquer conjunto de cartazes de cinema do(s) ultimo ano(s). Apesar de tudo, a criação europeia não se tem deixado ficar e apesar de ser o cinema norte-americano quem predomina em todo o mundo, talvez com uma pequena excepção na Índia, o cinema europeu, nos últimos anos, quando Hollywood começa a entrar numa fase de saturação a atenção dada às películas europeias começa a ser outra, com algumas gigantescas (não a nível monetário, mas artístico) produções vindas de leste ou até mesmo do norte da Europa, e o cinema espanhol e francês como camisolas amarelas deste triste corrida pela sobrevivência cinematográfica. Fora o desabafo, hoje trago-vos, Arnaud Desplechin.

A tragédia grega falada em francês:

Em poucas palavras consegue-se traduzir o que significa a multitude de mundos que é o mundo do realizador francês, mas poucas palavras serão sempre palavras a menos, para um dos realizadores que mais surpreendeu na ultima década. Entre as várias formas dramáticas possíveis de trazer até ao espectador aquilo que é o dia a dia, Arnaud Desplechin trata o irrealismo natural como ferramenta preferencial para chegar ao que há de mais verdadeiro, não na cena, não nos actores, não directamente no texto; na mensagem. Para o realizador onde num filme dramático tem de existir quatro ideias para cada minuto, este marca os seus filmes pela impossibilidade do uso de small talk, fazendo então retornar as palavras, a poética, o sublime, o retornar destas a casa.
Através da lente, o uso da música do seu tempo e da excelente fotografia, percorrem lado a lado uma narrativa onde as palavras se atropelam na mais caótica das naturalidades, quando a única forma de alcançar o natural, o real, é através do mais irreal dos planos, o realizador francês atravessa o melodramático e a satírica comédia no descrever das cenas que pertencem e coincidem com todos nós, essa naturalidade que se forma e transforma através do caótico e do belo, a sobrevivência através da experiencia elevada a excelência.

Easther Kahn
Ano: 2000

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Rois et Reine
Ano: 2004


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Un Conte De Noel
Ano: 2008



"Em jeito de piada, Arnad Desplechin disse um dia que tina rodado "La Vie des morts" para dizer mal da sua família, "La Sentinelle" para dizer mal do seu país, "Comment Je me suis dispute.. (ma vie seuelle)" para dizer mal das suas antigas namoradas. Em "Un conte de Noel", o cineasta diz mal de si próprio"

2 comentários:

  1. eu cá gosto mesmo é do mathieu amalric: le scaphandre et le papillon is a must-see.

    já agora, gostei muito do texto. como vão as aulas de cinema?

    beijinhos,
    j.

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  2. Mathieu Amaldric deve ser dos meus actores favoritos, de longe, e obviamente por culpa do Desplechin. Claro que com ele, e por culpa do mesmo senhor, não consigo pensar na diva moderna sem pensar em Emmanuelle Devos, suspiro.

    Ora, obrigado Joana, vai indo, entretanto tem sido menos cinema e mais outras coisas, mas deixar te ei a par dos pormenores em breve :* thanks for stopping by

    G.

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